Semana de 4 dias – Empresas brasileiras envolvidas em um projeto piloto de jornada reduzida para 4 dias na semana observaram crescimento de 60% no envolvimento dos colaboradores, após um ano de adaptação ao novo modelo. A cooperação entre equipes subiu 85,4%, impulsionando avanços de 61,5% na conclusão de projetos e 44% na eficiência para cumprir prazos.
Os dados constam em um estudo divulgado nesta semana pela 4 Day Week Brazil, entidade sem fins lucrativos afiliada à 4 Day Week Global, responsável por coordenar a iniciativa no país e outras experiências similares internacionalmente. O objetivo era reduzir a carga horária sem cortes salariais ou perda de produtividade.
LEIA: Governo aumenta estimativa do valor do salário mínimo em 2026; saiba
No total, 19 empresas finalizaram o projeto no Brasil. O processo incluiu três meses de preparação, entre setembro e dezembro do ano passado, seguidos pela implementação em janeiro.
Os participantes do projeto destacaram maior disposição para as atividades do trabalho, diminuição de ansiedade e insônia, além de melhor equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Mais de 70% das organizações relataram crescimento no lucro líquido no último ano. Contudo, expressaram cautela quanto à sustentabilidade do modelo em cenários de alta demanda ou reestruturações internas.
Em fevereiro, os colaboradores já compartilhavam impressões iniciais. Resultados parciais foram publicados em abril e o relatório completo após seis meses, em julho.
Todas as organizações optaram por manter a jornada reduzida (totalmente ou em fase experimental), embora algumas tenham ajustado a escala.
As companhias, localizadas em cinco cidades de quatro estados (SP, RJ, MG e PR), incluíram até 25 colaboradores cada. A maioria atua em tecnologia, comunicação e consultoria, mas um hospital também integrou o projeto, com foco em funcionários administrativos.
35 horas semanais
Inicialmente, a jornada média era de 43 horas semanais. Após um ano, caiu para aproximadamente 35 horas, embora a meta fosse atingir 32.
O relatório ressalta que a transição exige adaptações progressivas, revisão de processos internos, melhorias na gestão e compromisso permanente das equipes.
Colaboradores enfatizaram a necessidade de alinhamento da liderança, organização aprimorada e confiança mútua. Em empresas que apresentaram dificuldades na manutenção desses fatores, houve desafios para preservar o dia adicional de folga.
“É importante que todos, principalmente a liderança, se organizem o suficiente para garantir um bom fluxo de trabalho e não prejudicar a folga do restante da equipe”, afirmou um participante.
Mudanças na dinâmica laboral
Para viabilizar a jornada curta, as equipes adotaram medidas para otimizar processos, como:
97,2% priorizaram atividades essenciais;
76% melhoraram a comunicação com gestores;
81,5% implementaram métodos eficientes de produtividade;
67,5% adotaram planejamento diário como rotina.
O uso de ferramentas tecnológicas e automação foi mencionado por 52,3% dos entrevistados, enquanto 40% reduziram o tempo em reuniões.
Qualidade de vida
A jornada reduzida elevou em 43,6% o número de funcionários que praticam exercícios físicos regularmente. A média de sono noturno aumentou de 6,7 para 7 horas. Quase 80% relataram melhora no humor, acompanhada de queda de 58,2% no esgotamento emocional e 59,8% na exaustão matinal relacionada ao trabalho.
Como reflexo, 43% dos colaboradores declararam que só retornariam a uma semana de cinco dias com aumento salarial superior a 50%.
(Com informações de g1)
(Foto: Reprodução/Freepik/