Golpes digitais – Centros de fraudes cibernéticas que exploram vítimas de tráfico humano estão se tornando uma ameaça global, segundo relatório divulgado nesta semana pela Interpol, Organização Internacional de Polícia Criminal. A entidade classifica o cenário como uma “crise global”.
Essas chamadas “fábricas de golpes”, em que vítimas são forçadas a executar fraudes online, surgiram inicialmente no Sudeste Asiático, com destaque para o KK Park, em Mianmar, local de onde dois brasileiros conseguiram escapar em fevereiro deste ano. Países como Camboja e Laos também lidam há anos com quadrilhas especializadas nesse tipo de crime.
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De acordo com a Interpol, operações semelhantes foram identificadas recentemente em pelo menos mais quatro países asiáticos. A organização também encontrou evidências da expansão do modelo para outras regiões, como África Ocidental, Oriente Médio e América Central.
As vítimas vêm de ao menos 66 países e são, muitas vezes, atraídas por falsas ofertas de emprego. Uma vez levadas até os centros, acabam mantidas em cativeiro, chantageadas por dívidas, espancadas, exploradas sexualmente e, em alguns casos, torturadas.
“Enfrentar essa ameaça que se globaliza rapidamente requer uma resposta internacional coordenada”, declarou Cyril Gout, chefe interino dos serviços policiais da Interpol.
Fraudes impulsionadas por inteligência artificial
Dentro dos centros, as vítimas são obrigadas a aplicar golpes, com foco principalmente em pessoas de outros países. Segundo a Interpol, uma operação conduzida em 2024 revelou dezenas de casos desse tipo. No mesmo ano, a polícia desmantelou centros de fraudes em escala industrial nas Filipinas e na Namíbia, onde 88 jovens eram forçados a aplicar golpes.
Já no KK Park, cerca de 7 mil pessoas foram resgatadas em 2025, após algumas vítimas conseguirem fugir e o caso ganhar repercussão internacional.
A situação tem sido agravada pelo avanço de tecnologias como a inteligência artificial. A Interpol destaca o aumento de golpes com anúncios falsos de emprego e perfis deepfake, que simulam pessoas reais para aplicar fraudes como a “sextorsão”, em que criminosos chantageiam vítimas com imagens íntimas geradas artificialmente.
Rotas do tráfico e crimes associados
O relatório também aponta que essas redes estão cada vez mais conectadas a outros crimes transnacionais. As rotas usadas para levar vítimas aos centros de fraudes também têm sido utilizadas para o contrabando de drogas, armas de fogo e espécies ameaçadas de extinção.
Diante da gravidade da situação, a Interpol reforça a necessidade de uma ação urgente e coordenada entre países para interromper as rotas de tráfico e apoiar as vítimas resgatadas.
(Com informações de g1)
(Foto: Reprodução/Freepik)