ChatGPT – Apesar da presença massiva da inteligência artificial na vida cotidiana, a maioria dos brasileiros ainda não faz uso de ferramentas de IA generativa, aquelas que criam conteúdo de forma ativa, como o ChatGPT ou o Midjourney. É o que aponta pesquisa realizada pelo Datafolha em parceria com o Observatório Fundação Itaú, divulgada nesta terça-feira (19).
Segundo o levantamento, 57% dos entrevistados nunca utilizam ferramentas de geração de texto, e 69% jamais recorrem às de geração de imagem. “Os avanços da IA generativa são bem mais recentes, é um tipo de ferramenta que requer um uso mais intencional”, afirma Alan Valadares, coordenador do Observatório Fundação Itaú. “Tentamos fazer a pesquisa de uma forma mais ampla para entender como a IA está presente na vida das pessoas, ainda que em usos com menos intenção.”
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Em contraste, a utilização de inteligência artificial de forma passiva é ampla: 89% acessam alguma rede que utiliza IA, 78% fazem uso de serviços com sistemas de recomendação, como Netflix e YouTube, e 63% utilizam sistemas de navegação, como Waze ou Google Maps. Ao todo, 93% afirmam usar inteligência artificial de alguma forma.
O estudo entrevistou 2.798 pessoas com 16 anos ou mais, de todas as regiões do país, entre 7 e 15 de julho. A margem de erro é de dois pontos percentuais, com nível de confiança de 95%.
A percepção sobre a presença da IA no dia a dia também é significativa: 75% dos participantes afirmam notar a tecnologia em sua rotina, e 32% dizem que ela está muito presente. No entanto, apenas 54% declaram saber o que o termo “inteligência artificial” significa, enquanto 46% afirmam não saber, e 18% nunca ouviram falar.
Quando questionados sobre a definição de IA, 36% mencionam suas finalidades, como obter informações ou criar vídeos; 16% falam sobre formas de acesso; e apenas 14% citam aspectos operacionais, como processamento autônomo, uso de bancos de dados ou simulação da inteligência humana.
O levantamento indica ainda que a IA começa a impactar a forma como brasileiros buscam informações e consomem conteúdo. 58% recorrem à tecnologia para pesquisar determinados assuntos, 56% a utilizam para resumir documentos ou responder a perguntas complexas, e 51% buscam recomendações de filmes, séries, jogos ou músicas.
A pesquisa também abordou percepções sobre emprego e riscos da tecnologia. A amostra se divide quanto à ameaça da IA aos trabalhos: 49% veem risco, enquanto 51% não consideram uma ameaça. Ainda assim, 41% afirmam ter conhecimento de casos em que trabalhadores foram substituídos pela inteligência artificial.
Entre os receios relatados, destacam-se a coleta e uso de dados pessoais sem controle (42%), o uso para fins maliciosos, manipulação ou vigilância (36%), o desemprego em massa (34%) e a propagação de notícias falsas (31%). Mesmo assim, 77% acreditam que a tecnologia pode ser perigosa se usada sem regulamentação.
Por outro lado, há expectativas positivas: 41% veem a IA como apoio à ciência e inovação, enquanto 39% acreditam em avanços em diagnósticos médicos e tratamentos personalizados.
Na educação, 69% consideram que a IA ajuda muito nos estudos, 75% relatam ter aprendido algo novo com essas ferramentas e 56% afirmam sempre checar as informações fornecidas por sistemas de IA. Seis em cada dez entrevistados demonstram interesse em aprender mais sobre inteligência artificial.
“Acho que a pesquisa reforça a ideia de que precisamos seguir com uma agenda de mais informação sobre o tema”, conclui Alan Valadares.
(Com informações de Folha de S.Paulo)
(Foto: Reprodução/Freepik/frimufilms)