Holanda toma controle de subsidiária de estatal chinesa fabricante de chips

País europeu alegou que ações da empresa colocavam em risco a segurança econômica da Holanda e da Europa

Fabricante de chips – O governo da Holanda anunciou neste domingo (12) que assumiu o controle da Nexperia, fabricante de semicondutores sediada no país e subsidiária da estatal chinesa Wingtech Technology.

A intervenção foi feita com base na Lei de Disponibilidade de Bens holandesa, ativada em 30 de setembro, após o governo identificar “graves deficiências e ações administrativas” dentro da empresa — fatores que, segundo a justificativa oficial, colocavam em risco a segurança econômica tanto da Holanda quanto da Europa.

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O Ministério de Assuntos Econômicos descreveu a decisão como “altamente excepcional”. A Nexperia é responsável por fornecer chips usados em setores estratégicos, como o automotivo e o de eletrônicos.

“Com base na ordem, decisões dentro da empresa podem ser bloqueadas ou revertidas se forem (potencialmente) prejudiciais aos interesses da empresa, ao seu futuro como empresa holandesa e europeia e/ou à preservação desta cadeia de valor crucial para a Europa”, afirmou o governo holandês em comunicado.

O episódio ocorre em meio a um momento delicado das relações comerciais entre a União Europeia e a China. Apesar de tensões recentes em setores como tecnologia e saúde, uma reunião no fim de setembro entre o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, havia sinalizado uma possível melhora no diálogo bilateral.

Reação chinesa

O governo chinês classificou a medida como “uma ampliação excessiva do conceito de segurança nacional” e a considerou um ato de discriminação contra empresas chinesas.

Durante uma coletiva de imprensa nesta segunda-feira (13), o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Lin Jian, declarou que a China “se opõe firmemente ao uso indevido do conceito de segurança nacional e à adoção de medidas discriminatórias que visem empresas de determinados países”.

Ele acrescentou que “a Holanda deve respeitar os princípios de mercado e evitar politizar questões econômicas e comerciais”, ressaltando ainda que o governo chinês “está determinado a defender seus direitos e interesses legítimos e legais”.

Lin Jian não detalhou eventuais medidas de retaliação, mas indicou que outras autoridades — como o Ministério do Comércio (MOFCOM) — devem se manifestar nos próximos dias. A ação holandesa aumentou a tensão entre Pequim e os países europeus em um setor considerado estratégico para a economia global: o de tecnologia.

(Com informações de Fórum e Poder 360)
(Foto: Reprodução/Freepik/youranedopekin)

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