Capitais brasileiras – O futuro urbano já começou em algumas cidades brasileiras. É o que mostra o relatório “From Future Vision to Urban Reality”, realizado pela consultoria ThoughtLab em parceria com Intel, Deloitte, GM, Axis Communications, entre outras. O estudo analisou 250 cidades de 78 países e apontou Curitiba e Salvador como cidades “prontas para o futuro”, ou seja, que estão mais avançadas na implementação de planos de desenvolvimento urbano sustentável e tecnológico.
Reconhecida em 2024 como Comunidade Mais Inteligente do Mundo pelo Intelligent Community Forum (ICF), Curitiba tem conquistado posições de destaque em diversos rankings nacionais e internacionais. Segundo Fabiano Sabatini, gerente de Vendas e líder de Edge IA para a América Latina da Intel, o mérito é resultado de investimentos do município em digitalização e infraestrutura tecnológica.
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Já Salvador se diferencia por sua abordagem integrada de sustentabilidade e bem-estar do cidadão, reforçando o compromisso com políticas públicas que unem tecnologia e qualidade de vida.
Embora São Paulo não tenha sido classificada como “ready to the future”, o relatório cita a cidade como exemplo de planejamento futurista por meio do Smart Sampa, projeto que utiliza inteligência artificial (IA) no monitoramento de segurança, com sistemas capazes de identificar crimes e foragidos.
Entre as 50 cidades mais bem avaliadas, apenas seis estão na América Latina. As demais se dividem entre 18 na Europa, 10 na África, nove na América do Norte e sete na Ásia. No caso brasileiro, Sabatini observa que o país tem avançado, mas ainda enfrenta desafios de conectividade, essenciais para o funcionamento de cidades inteligentes.
“As grandes cidades, hoje em dia, já têm uma boa cobertura. Você consegue colocar sensores, conectar à rede ou à nuvem. Mas, em cidades mais afastadas, mesmo ao redor de São Paulo, ainda há muitas áreas sem cobertura”, explica.
Mesmo onde há cobertura e sensores instalados, outro obstáculo é o uso estratégico dos dados coletados. De acordo com Sabatini, o setor público ainda enfrenta dificuldades em organizar e aplicar as informações na tomada de decisões, o que limita a inovação.
“Precisamos voltar ao princípio e nos questionar: o que eu quero resolver? É um problema de segurança? Transporte? Saúde? A partir daí, eu analiso como a cidade está e seleciono a melhor tecnologia para solucionar a questão.”
Mais segurança, saúde e sustentabilidade
Uma análise com dados do Numbeo mostrou que as cidades “prontas para o futuro” também se destacam em segurança, saúde e sustentabilidade. Elas registram 8,2 pontos a mais no índice de segurança e o mesmo avanço em saúde, além de menores níveis de congestionamento e poluição. Helsinque lidera em pureza do ar, enquanto Viena apresenta o menor tráfego.
Em sustentabilidade, 46% dessas cidades estão adiantadas em planos de emissões líquidas zero, contra 5% das demais. No uso de energias renováveis, o índice é de 39% contra 7%. Ainda assim, o relatório aponta que o maior desafio global continua sendo as mudanças climáticas (88%), intensificadas pelo maior consumo energético que acompanha o avanço tecnológico.
“Se você tem pouca automação, pouco sensoriamento, pouca base de dados, quando uma rede cai, você perde informações essenciais. Em casos de apagão, enchente ou tornado, o auxílio à população fica mais difícil”, alerta Sabatini.
“Gêmeos digitais”
Além da IA, presente em 66% das gestões governamentais, o relatório indica o crescimento do uso de gêmeos digitais, réplicas virtuais das cidades usadas para prever cenários e testar políticas públicas. A ferramenta já é adotada por 93% das cidades analisadas, com destaque para Helsinque, Chicago, Denver, Ljubljana, Paris, Tóquio e Toronto.
Atualmente, 44% das cidades prontas para o futuro utilizam gêmeos digitais de forma regular, e a previsão é que 76% adotem plenamente a tecnologia até 2028. As aplicações vão desde a mobilidade urbana até a segurança pública, permitindo simulações de trânsito e planejamento de obras antes da execução.
Segundo a ABI Research, a combinação entre gêmeos digitais e IA pode gerar economia de até US$ 280 bilhões para os municípios até 2030. “Essa é a próxima onda tecnológica para as cidades. Primeiro, coletamos dados. Depois, conectamos tudo em um ambiente integrado. O passo seguinte é usar os gêmeos digitais e a inteligência artificial para transformar a gestão urbana”, conclui Sabatini.
(Com informações de IT Forum)
(Foto: Reprodução/Freepik/brunomartinsimagens)


